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Copom indica fim de corte no juro

O BC dá como concluídos os esforços para retirar a economia da recessão.

Fonte: Valor EconômicoTags: juros

Alex Ribeiro

A ata da reunião da semana passada do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada ontem, deu sinais bastante claros de que o ciclo de afrouxamento monetário chegou ao fim, após um corte acumulado de cinco pontos percentuais entre janeiro e julho, de 13,7% para 8,75% ao ano.

O BC dá como concluídos os esforços para retirar a economia da recessão. "Importantes estímulos monetários e fiscais foram introduzidos na economia nos últimos meses, e deverão contribuir para a retomada da atividade e, consequentemente, para a redução da margem de ociosidade dos fatores produtivos", afirma a ata divulgada ontem.

No documento, o Copom revela que alguns dos seus membros chegaram a defender não baixar os juros. Mas acabaram fechando em torno do consenso de fazer um corte de 0,5 ponto percentual, de 9,25% para 8,75% ao ano. "Apesar de alguns membros do comitê entenderem que haveria respaldo para a possibilidade de manter inalterada a taxa básica de juros já nesta reunião, houve consenso de que o balanço de riscos para a trajetória perspectiva central de inflação ainda justificaria estímulo monetário adicional", afirma a ata.

Na ata divulgada ontem, foi eliminada qualquer referência sobre possível espaço para juros menores no futuro. Em junho, o Copom havia informado que seus membros haviam chegado a uma avaliação "convergente" de que ainda havia espaço para uma distensão monetária residual. O BC diz que os estímulos monetários feitos até agora devem ser "cuidadosamente monitorados ao longo do tempo" e devem ser levados em conta nas reuniões futuras do colegiado. O Copom volta a se reunir nos dias 1 e 2 de setembro e a aposta dominante dos analistas econômicos do mercado financeiro é que os juros sejam mantidos em 8,75%.

A ata informa que as projeções de inflação do BC subiram no último mês, embora continuem consistentes com o cumprimento das metas de inflação de 2009 e de 2010, definidas em 4,5%. No chamado cenário de referência, que leva em conta uma taxa de câmbio em R$ 1,95 e a Selic estável em 9,25% ao ano, a inflação projetada encontra-se "ao redor" da meta de 2009 e "abaixo da meta" definida para 2010". A autoridade monetária não diz, de forma direta, o que levou à piora das projeções inflacionárias. Mas é possível achar algumas pistas num trecho da ata em que o BC expõe algumas das premissas usadas nos seus cálculos. Do lado positivo, está a queda da projeção para o aumento de preços administrados, que diminuiu de 4,8% para 4,5% para 2009 e de 4,5% para 4,3% para 2010.

Do lado negativo, está a piora das expectativas inflacionárias. Entre as reuniões do Copom de junho e de julho, o mercado aumentou de 4,33% para 4,53% sua projeção de inflação para 2009. A previsão dos analistas para 2010 subiu de 4,3% para 4,41% (mais recentemente, recuou levemente, para 4,4%). Outro fator negativo são os estímulos fiscais, que são mais fortes. Em junho, a ata dizia que o BC trabalhava com a hipótese de superávit primário de 2,5% em 2009 e de 3,3% em 2010. Na ata divulgada ontem o BC diz que essas metas poderão ser ajustadas para baixo em 0,5 ponto percentual em 2009 e em 0,65 ponto percentual em 2010 para acomodar investimentos do governo.

Na ata, o BC ressalta que as projeções inflacionárias tomam como premissa um "cenário básico de recuperação gradual da atividade econômica". Mas, segundo a autoridade monetária, as coisas podem se sair de maneira diferente do previsto. "O Copom assinala, também, que, em torno desse cenário básico, existem incertezas, com viés tanto positivo quanto negativo, sobre o ritmo de recuperação da atividade econômica", afirma o documento.

Uma das principais incertezas apontadas pelo BC é como os cortes feitos até agora na taxa básica de juros, que atinge os menores patamares da história, vão chegar à atividade econômica, que também recebe estímulos fiscais. Os cálculos do BC indicam que cortes de juros levam cerca de nove meses para terem seu efeito máximo na atividade econômica e 12 meses para chegar à inflação.

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