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Mercado exige inovação

O conceito de inovação surgiu na década de 1980 nos países da União Europeia e ganhou relevância com a publicação do Manual de Oslo, lançado em 1992 pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento do Departamento Estatístico da

Autor: Roberto Carlos BernardesFonte: Administradores.comTags: empresarias

A cada ciclo de desenvolvimento surge a exigência de um novo perfil de profissional, que deve estar alinhado com as necessidades das empresas e da sociedade dentro de um contexto mundial. Se até a década de 1990 o mercado precisava de gestores com experiência técnica, qualificados para difusão de novas práticas de gestão aliadas à eficiência, critérios de qualidade e produtividade, atualmente há necessidade de profissionais capacitados com as novas competências de gestão, liderança de projetos inovadores, consciência e ética financeira, responsabilidade ambiental e social e habilidade de formação de pensamento estratégico global. Além disso, os gestores devem estar amplamente alinhados com as novas visões de inovação e sustentabilidade. O conceito de inovação surgiu na década de 1980 nos países da União Europeia e ganhou relevância com a publicação do Manual de Oslo, lançado em 1992 pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento do Departamento Estatístico da Comunidade Europeia, com diretrizes sobre inovação tecnológica. Entre outras afirmações, o manual destaca que 'o desenvolvimento tecnológico e a inovação são cruciais para o crescimento da produtividade e do emprego'. No Brasil, o conceito começou a ser adotado com a abertura da economia, na década de 1990, quando ocorreu a expansão das operações de investimento estrangeiro no País.

Durante aproximadamente 10 anos, entretanto, as inovações estavam direcionadas à tecnologia, e foi somente a partir do ano 2000 que as corporações perceberam que havia uma fragilidade na gestão de negócios. "Foi a partir daí que o empresário brasileiro incorporou estratégias inovadoras como modelo do negócio", explica o professor de graduação e do Programa de Mestrado de Administração da FEI, na área de Estratégia e Gestão da Inovação, Roberto Bernardes. Com isso, as empresas passaram a procurar profissionais mais bem preparados para atuarem seguindo o contexto da nova realidade empresarial, que exigia mais sintonia com as melhores práticas mundiais de gestão. A maior prova da necessidade de profissionais comprometidos com a gestão inovadora dos negócios é a quantidade de programas de pós-graduação em Administração e MBA (Master Business Administration), que surgiram no Brasil a partir de 2000. "Atualmente, são 80 programas de pós-graduação e 3 mil cursos de MBA no Brasil, além de 3.420 cursos de graduação em Administração", reforça Bernardes. Entre os fatores que influenciam na formação de um bom gestor está a diversidade étnica, cultural e tecnológica, e princípios de diplomacia empresarial. Além disso, o mercado busca profissionais que tenham experiência na área social, exerçam a ética nos negócios e saibam tomar decisões com perspectiva global.

Perspectiva social e ambiental As empresas inovadoras são capazes de se transformar, desenvolvendo novas competências e negócios com visão voltada para o futuro. Mas, sobretudo, são companhias que avaliam o impacto social e ambiental de suas ações, o que exige dos gestores, além de competência, sensibilidade a esses fatores. Os mais recentes conceitos pregam que uma organização inovadora sustentável deve estar em constante processo de aprendizagem e pautar seus negócios baseada em três frentes: social, ambiental e desenvolvimento econômico. A professora de graduação e mestrado de Administração da FEI, Isabella Vasconcelos, afirma que as ações devem ser internas (direcionadas aos funcionários) e externas (voltadas à comunidade). Esse modelo pressupõe respeito às comunidades e às culturas locais, inserção de minorias e parcerias com órgãos e entidades para programas de desenvolvimento regional. "Não adianta ser inovador se essa ação gera depredação ao meio ambiente e prejuízos sociais. Não há como separar sustentabilidade de inovação". avalia. Para ser considerada uma organização inovadora sustentável também é preciso que a empresa mantenha aberto o debate, de forma a estimular o confronto criativo e a diversidade de opiniões e metas. "Para tanto, o principal executivo deve saber promover o confronto criativo sem deixar recair para o lado pessoal, o que nem sempre é uma tarefa fácil", opina a professora. Estimuladas a se enquadrarem nesse novo conceito, muitas organizações já buscam profissionais com iferentes formações para o papel de gestor, como engenheiros, administradores e especialistas em RH, além de contratarem consultores formados em Filosofia para estimular o debate de alto nível. "Se todos pensam de maneira igual o debate fica mediocrizado", diz.

Inovador Um gestor que pretenda gerenciar projetos inovadores deve ter competência para criar o projeto, desenvolver o plano de negócio, adquirir competências em P&D, captar recursos de financiamento, interagir com o sistema nacional de inovação e gerir processos de conhecimento e co-propriedade intelectual. Tudo isso aliando um conjunto de interesses de vários parceiros para sua viabilização, porque os fluxos de investimentos e de conhecimento podem vir de diferentes países, com realidades políticas e características econômicas distintas. O novo perfil do profissional de Administração exige, ainda, conhecimento, capacidade de liderança e vocação empreendedora com sensibilidade social. "Gestores devem ser líderes transformadores e não executivos por detrás de uma mesa", diz Roberto Bernardes.

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