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“Com mais empreendedores, diminuímos fome, miséria e exclusão”, diz novo presidente do Sebrae

Décio Lima, que assumiu o posto no dia 10 de abril, afirma que o Sebrae irá priorizar mulheres e pessoas negras empreendedoras

O novo presidente do Sebrae, Décio Lima, quer aumentar a cultura empreendedora e o número de pessoas à frente de negócios. “O país vai valorizar o papel do empreendedorismo, que hoje responde por 30% do PIB e por 72% dos empregos. É a base quase unânime da economia”, afirmou ele a Pequenas Empresas & Grandes Negócios em 12 de abril, dois dias após ter assumido o posto. Para Lima, o crescimento e a proteção dos empreendedores passam por mais acesso a crédito, reforma tributária e desburocratização.

O catarinense, eleito pelo Conselho Deliberativo Nacional do Sebrae para ser diretor-presidente da instituição pelos próximos quatro anos, é formado em Ciências Sociais e Direito. Ex-deputado federal pelo PT (Partido dos Trabalhadores), foi também prefeito de Blumenau (SC) e superintendente do Porto de Itajaí e concorreu ao governo de Santa Catarina em 2022.

Confira os principais trechos da entrevista de Lima a PEGN.

Quem é o Décio Lima que assume como presidente do Sebrae agora?

Eu sou uma pessoa de causa. Sou filho de micro e pequeno empreendedor. O que me move é o sonho de viver em uma sociedade justa e fraterna, de ver um país grande como o nosso sem fome, miséria ou as demais dificuldades que se instalaram com gravidade no Brasil contemporâneo. Essa causa não é minha, é coletiva. É a determinação brasileira de lutar, não obstante o tamanho da dificuldade. Eu fui prefeito de Blumenau, cidade que sempre conviveu com intempéries climáticas, mas que, quando eu assumi, passava pelo caos econômico. A superação se deu principalmente por medidas voltadas ao micro e pequeno empreendedor. Criei o Banco do Povo, e a gente conseguiu superar o maior processo falimentar que uma cidade poderia ter, com a queda de empresas da indústria têxtil.

Eu chego no Sebrae movido por aquilo que sempre foi determinante para mim: os valores humanistas. Não acho que vou resolver todos os problemas. Aqui tem uma equipe extraordinária, uma história fantástica em construção há 50 anos. Assumo com a certeza de que o país vai valorizar o papel do empreendedorismo, que hoje responde por 30% do PIB e por 72% dos empregos. É a base quase unânime da economia, 99% das empresas desse país são pequenas. O que falta? O ativismo nosso, aqui do Sebrae, junto com outros setores e com o governo, para sairmos dessa maré de atraso.

O senhor assume esse posto numa época de saída de pandemia, na qual as micro e pequenas empresas foram muito castigadas. Como esses negócios podem voltar ao protagonismo e avançar junto com o país?

O Sebrae tem o espírito de parceria. Do micro e pequeno empreendedor, do Estado brasileiro, do conjunto da economia. Trabalhamos com um pilar: garantir gestão empresarial para aquele que começa a empreender. A minha geração sonhava com ter um emprego. Trabalhar no Banco do Brasil era sinônimo de riqueza. Nós temos de ter trabalhadores, claro, mas temos de ter uma cultura que crie oportunidade e otimismo para os empreendimentos. Precisamos aumentar a quantidade de micro e pequenos empreendedores, ampliar a cultura empreendedora. Garantir que esse empreendedor não seja um empírico, que cria uma empresa para depois vê se dá certo. Não – vamos garantir gestão empresarial para o iniciante, para que ele tenha um modelo de negócio sólido. Neste ano, vamos atender 22 milhões de brasileiros com nossos programas. Isso é um alcance extraordinário.

Com um número maior de pequenos empreendedores, diminuímos fome, miséria, exclusão. Mas somos uma parte contributiva do processo econômico. O Estado brasileiro trabalha em sinergia com outros setores. Precisamos, por exemplo, melhorar a forma de crédito. Temos o Pronampe [Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte], mas não adianta só dar o crédito. Precisamos ter mais segurança do que a pessoa irá fazer e de que não ficará inadimplente. Com uma reforma tributária, precisamos melhorar a aplicação [dos impostos] em vários setores e principalmente ter uma visão progressiva dessa aplicação. Também temos de interromper um processo muito grave que o Brasil tem de sonegação. Além disso, proteger o mercado interno.

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