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Necessidade e jornada dupla: as dificuldades que enfrentam as mães empreendedoras

Segundo a pesquisa Empreendedoras Brasileiras PME, da Serasa Experian, 36% dizem que acúmulo de trabalho e afazeres domésticos é o principal problema

Nos círculos de empreendedorismo feminino, são frequentes os relatos de mulheres que começaram a empreender depois de terem sido demitidas na volta da licença-maternidade. Apesar de ser proibida pela CLT, a prática é comum e impulsiona o chamado empreendedorismo por necessidade. Segundo dados da pesquisa Mulheres Empreendedoras e Seus Negócios 2022, da Rede Mulher Empreendedora, 46% das mais de 3 mil entrevistadas disseram que empreendem por que precisavam e 73% concordaram com a afirmação de que têm menos oportunidades do que homens no mercado de trabalho.

Informações do estudo Empreendedoras Brasileiras PME, divulgado na última semana pela Serasa Experian, corroboram a situação do viés de gênero e colocam luz em outra questão: a jornada dupla. De acordo com o levantamento, feito com 534 empreendedoras, 56% delas pensam que empreender é mais difícil para mulheres que para homens e 36% dizem que sua maior dificuldade é a soma do trabalho doméstico ao da empresa.

Na avaliação de Dani Junco, fundadora da socialtech B2Mamy, ainda faltam dados sobre esse tipo de empreendedorismo de necessidade. "É um ciclo em que as empresas demitem mães e não as contratam, mas dizem incentivar o empreendedorismo materno. Dizer que mãe tem que empreender é um viés que tira o poder de escolha das mulheres", afirma.

A fundadora observa que, após as demissões na licença-maternidade, muitas mulheres empreendem com produtos de confecção artesanal. "Não é possível um ciclo de aprendizado longo para o empreendedorismo de necessidade. Elas vão fazer o que puderem com pouco recurso financeiro e de tempo para ter um retorno rápido. Ninguém que passa por necessidade vai empreender numa área que requer um ano de formação prévia", diz.

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